terça-feira, 18 de junho de 2013

Plano de aula - Leitura e produção escrita
Texto: O avestruz de Mario Prata

Duração: 5 aulas
Público: 6ª série
Materiais: texto impresso

1ª aula

Ativação dos conhecimentos de mundo: Inferências a partir de título.
  • O que é um avestruz?
  • Já viram um avestruz?
  • O que vocês sabem sobre a ave?
  • O que um texto deste pode conter?

1ª leitura silenciosa
2ª leitura pelo professor
  • Socialização de opiniões sobre o texto.
  • As inferências foram confirmadas ou não?
  • Estudo do vocabulário em grupos de 4 alunos:
  • Levantamento de hipóteses das palavras desconhecidas a partir do contexto (efetuar anotações)
  • Confirmação ou não das hipóteses após consulta ao dicionário;
  • Compartilhamento do que foi deduzido e após se foi confirmado.


2ª aula
  • Debate regrado para exercício das habilidades:
  • Inferir tema ou assunto principal do texto com base na compreensão global;
  • Inferir informações pressupostas ou subentendidas com base na compreensão global.

3ª aula

  • Estudo do gênero crônica narrativa.
  • Identificação dos elementos da narrativa e as relações lógicas e seqüenciais estabelecidas no texto.
  • Reescrita do texto com alteração do foco narrativo
  • Perspectiva do garoto.

4ª aula

  • Socialização das produções.

5ª aula

  • Identificação e estudo da classe de palavra artigos:
  • Estudo da determinação e indeterminação do sujeito e seus efeitos na construção do texto.
  • Exercícios de inferência.

Aline


segunda-feira, 17 de junho de 2013


Situação de Aprendizagem de Língua Portuguesa para alunos do 9º ano, outra possibilidade para trabalhar com o texto “Pausa” de Moacyr Scliar
 
PAUSA

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
—Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
—Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
—Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
—Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
—Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
— Já vai, seu Isidoro?
—Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
—Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
—O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)

1) Sensibilização
Preparação da classe para a leitura que será feita.
Atividades Orais:
a) Você conhece o autor?
b) Você já leu algum texto dele? Qual?
c) O que você achou do título?
d) O título do texto chamou sua atenção para a leitura?
e) O que, para você, significa uma “Pausa”?
f) Observando o título, o que você acha que o autor vai nos contar?

2) Leitura Individual

3) Leitura dramatizada pelo professor:
Através da leitura feita pelo professor, todos os alunos passam a participar, pois, inicialmente, aqueles que apresentam dificuldades na leitura individual, terão oportunidade de conhecer o conteúdo do texto lido e apreciá-lo junto aos demais alunos.

4) Trabalhando o vocabulário
Os alunos deverão, nesse momento, destacar do texto as palavras que não conhecem. Depois, o professor irá propor essa etapa: deverão consultar o dicionário que tentem inferir o sentido delas, de acordo com o contexto em que estão inseridas. Após para checar as hipóteses levantadas por eles.

5) Conversa Informal
a) O que vocês acharam do texto?
b) Por que vocês acham que Samuel sai de casa para dormir no hotel?
c) Como parece ser o relacionamento entre Samuel e sua esposa?
d) À medida que vamos avançando na leitura, o que parece que Samuel vai fazer no Hotel?
e) Vocês acharam o final interessante? Por que?Uma amante? Possui outra família? Esconde um grande segredo?
Essas considerações nortearão a realização das produções dos alunos.

6) Retomando o texto: Características da tipologia narrar (revisão de conteúdo)
a) Preenchendo um quadro com os elementos da narrativa:
- autor;
- personagens;
- foco narrativo;
- enredo;
- tempo;
- espaço;
- clímax;
- desfecho.
b) Correção da atividade

7) Explorando o autor
Nessa etapa, o professor irá propor aos alunos que pesquisem outros textos de Moacyr Scliar. A pesquisa pode ser feita na biblioteca da escola ou na internet. Os alunos encontrarão contos e crônicas e, a partir dessa pesquisa, o professor pode explorar as características dos dois gêneros textuais em questão.

8) Produção Escrita
Após o debate com a classe sobre o conto, o professor pode enfatizar que o texto apresenta a fuga do personagem Samuel, na tentativa de refugiar-se do stress do dia-a-dia, construindo outra rotina. Mas, que pode levar a outras interpretações. Algumas considerações devem ter sido feitas pela classe: Ele poderia ter uma amante? Possui outra família?Esconde um grande segredo? Essas considerações nortearão a realização das produções dos alunos.
Proposta da produção:
Após a leitura do conto, imagina a seguinte situação: A mulher de Samuel, cansada dessa situação, fica imaginando o motivo que leva seu marido a sair de casa, todos os domingos, com a justificativa de ir trabalhar. Intrigada, ela resolve segui-los. O que acontece a seguir?

9) Reescrita do Texto       

10) Produto Final
Apresentação Teatral, após os textos reescritos, os alunos serão organizados em grupos. Cada um deverá escolher um dos textos elaborados pelos seus representantes e apresentá-lo; em forma de peça teatral para a classe.

Adriana da Silva

Situação de aprendizagem de língua portuguesa para o público do 9º ano, a partir do texto "Meu primeiro beijo" de Antonio Barreto.

A prática fundamentada na teoria
Da literatura infanto-juvenil à paródia.

Atividades para diferentes etapas de uma situação de aprendizagem com foco em leitura e escrita, para público de nono ano, a partir das seguintes estratégias previstas para seis até oito aulas:

1.      Para ativação de conhecimento de mundo; antecipação ou predição.
Apresente aos alunos o título: Meu primeiro beijo.  Solicite levantamento de hipóteses sobre o assunto numa folha de papel pequena que tenha ao menos cinco linhas, neste momento não é necessário que os alunos se identifiquem para que fiquem mais à vontade para escrever. Recolha e reserve para checagem.
Checagem de hipóteses.
Proponha a leitura em voz alta, se possível representada por um menino e uma menina, mas permita que eles se ofereçam para ler. Somente se não houver oferta, selecione o leitor. Caso seja pertinente, o professor deverá também efetuar uma leitura.
Dê oportunidade para leitura feita por outra dupla, inspirando-os a diferentes entonações de leitura.
Texto:
Meu Primeiro Beijo
Antonio Barreto
É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
"Você é a glicose do meu metabolismo.
Te amo muito!
Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.
Extraído de http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430

Enfim, distribua as hipóteses reservadas anteriormente, leiam as hipóteses socializando-as.
Temporalidade provável: 1 aula

2.      Comparação de informações.
Oralmente, solicite que os alunos comparem as hipóteses levantadas ao texto lido.
Localização de informações
Solicite aos alunos que identifiquem:
ü  Fato ocorrido
ü  Personagens
ü  Local
ü  Autor.

3.      Como recuperação do contexto de produção
Proponha como lição de casa a pesquisa sobre o autor do texto. Investigação sobre a obra na qual o texto se encontra.
Caso tenha disponível em sua escola sala com acesso à internet, faça este passo na escola. Incentive os alunos à leitura integral da obra "Balada do primeiro amor" e discorra sobre literatura infanto-juvenil.
Temporalidade variável: 1 ou duas aulas.

4.  Para produção de inferências locais.
Questione, de forma escrita, os alunos sobre qual a percepção que tiveram sobre o garoto, usando as expressões: “O cultura inútil”, “ Paracelso”,  “bactéria falante”.
Para inferência global
Questione os alunos sobre as inferências que tiveram sobre o perfil do aluno e da aluna ao concluírem a leitura.

5.  Para percepção das relações de intertextualidade e interdiscursividade.
Solicite aos alunos que em grupos de cinco tragam músicas antigas ou atuais que falem do beijo. Apresentem para os colegas. Neste caso, se houver a possibilidade de usar meios midiáticos, será melhor.
Os grupos deverão conversar sobre o beijo relacionado ao amor, à religião, à sociedade na qual vivemos e ao tempo e registrar individualmente os comentários. Partindo para a argumentação. Estimule-os a falarem das mudanças que ocorreram durante o tempo sobre o beijo e o que eles pensam sobre isto.
Previsão de duas aulas.

6.  Para percepção de outras linguagens e elaboração de apreciação relativa a valores morais.
Elaborar paródias com as músicas que trouxeram e o assunto o beijo em nossa sociedade. Pode-se utilizar meios multimídia para apresentar aos colegas.

Previsão de duas aulas.
Aldinesa  dos Santos Herreira.
Referência bibliografica
DOLZ, J. & B. Schneuwly. Gêneros e Progressão em expressão oral e escrita - elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (Francófona). In: Gêneros orais e escritos na escola. São Paulo: Mercado de Letras, 2007. p.41-69.

ROJO, Roxane. Letramento e capacidade de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP, 2004.

domingo, 16 de junho de 2013

A prática fundamentada na teoria : texto "Pausa " de Moacyr Scliar




PAUSA

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
            —Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
            —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
            —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
            —Por que não vens almoçar?
            —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
            —Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
            —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
            —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
            — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
            —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. 
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
            — Já vai, seu Isidoro?
            —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
            —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
            —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
            —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)

Público alvo: 9º ano
tempo estimado : 3 aulas
1- Em primeiro lugar trabalhar com os diferentes e surpreendentes significados da palavra pausa.
2- Leitura para a sala com paradas pertinentes.
3- Considerar questões de interpretação de texto.
4- Elementos da narrativa
5- Analisar as figuras de linguagem utilizadas no texto.
6- Vocabulário
7- Reescrita.

 - aula 1

Leitura do  texto. 
No primeiro momento, seguindo a sugestão da nossa orientadora do curso, antes de entregar o texto aos alunos se faz  uma breve discussão sobre o que é  pausa, quais são os tipos de pausa que eles conhecem, as que fazem parte do cotidiano de cada um. Após as  respostas variadas, distribuição  então do texto e a leitura do professor  interrompendo no momento em que o personagem entra no hotel. Neste momento se indaga sobre o que eles pensam que irá acontecer... Prosseguindo a leitura até o final.
Aqui então inicia-se o trabalho analisando a compreensão e interpretação dos elementos do texto. Várias questões podem servir de apoio para atividades como: Quais são os personagens da crônica? Onde se passa a história? Como a descrição dos ambientes interferem no entendimento do texto? Por que há troca de nomes da personagem principal, etc.

- aula 2

Após análise das questões da aula 1, levantar o vocabulário desconhecido pelos alunos, analisar as figuras de linguagem presentes no texto e interpretá-las.

- aula 3

Propor uma reescrita da crônica dando continuidade ao texto ou mudando o final apresentado. Os textos podem compor um mural de reescrita na sala de aula para que todos os alunos tenham seu trabalho divulgado. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Relato de experiência de leitura

       Infelizmente, quando eu estava na 7ª série, hoje, atual 8º ano, tive uma professora que tentou introduzir clássicos da literatura em nosso cotidiano, como A Moreninha e O Guarani de José de Alencar (1857). Como não tínhamos vivência e nem conhecimento do vocabulário, odiávamos ler. Eu e meus colegas de classe não gostávamos de ler, porque a escolha das obras não foram, apesar da boa intenção da professora, adequadas para nossa faixa etária. 

       Tento não cometer este tipo e erro com meus alunos. Lembro-me que quando estava no 2º colegial, li Vidas Secas de Graciliano Ramos (1938) e me apaixonei pela obra. Era como se eu estivesse vivendo cada momento da história de Fabiano. Chorava demais.  Ainda mais, porque me fazia lembrar dos depoimentos de meu pai que presenciou muito do que se fala no livro, já que ele veio do Nordeste. Outra obra que adorei, mas porque li na época certa, foi Senhora de José de Alencar (1875), livro que sempre comento seu enredo com meus alunos instigando-os a saber o que deu a vingança de Aurélia! 

       Ler é isto: aprender, se emocionar, e compartilhar cada experiência vivida. Como educadora tenho a maior preocupação na escolha dos livros paradidáticos. A opinião dos meus alunos é de grande valia. Não quero que eles passem um tempo de suas vidas odiando leitura!
Adriana Oliveira da Silva.
Perfil: formada em Letras pela UNIFIEO; Especialização em Direito Educacional na Universidade São Luis; Licenciada em Pedagogia pela UNINOVE.  Professora de Português desde 1995, efetiva na E.E. Jardim Santa Angela desde 2.000.




Depoimento de experiência de leitura e escrita

       Ler e escrever, a princípio não foi muito prazeroso... Existia muita comparação entre mim e meu irmão mais velho, que aprendeu a ler muito cedo, então a cobrança era muito grande...
       Aprendi a ler e a escrever na escola e sem muitos traumas, mas também sem muito brilho rsrs.
       O gosto pela leitura e escrita surgiu com o tempo, com as descobertas e com o contato com grandes clássicos no Ensino Médio (Colegial). Iracema, Senhora, alguns livros de Machado de Assis e o inesquecível Amor de Perdição (de Camilo Castelo Branco). Depois disso tudo, começou a fazer sentido.
       O gosto pela leitura foi tão fascinante que me levou à graduação no curso de Letras e aí a paixão tornou-se amor (duradouro e maduro) e o grande responsável foi Franz Kafka e sua Metamorfose...
       O mais interessante nesta jornada foi “aprender a ler”, mas agora com um novo sentido, um novo sentimento, um novo sabor... Saber apreciar um bom livro vai muito além da capa, do cheiro (seja novo ou velho), mas é aprender a “viajar”, descobrir-se nas histórias, o frio na espinha para saber o desfecho, enfim novas sensações a cada novo título que descobri e que descobrirei ao longo de minha vida...
Aline
Adoro ler....viajar em uma boa história, descobrir mundos novos!Sou uma boa ouvinte... 

Relato de experiência de leitura e escrita

     Minha experiência com a palavra escrita veio pelas mãos da minha mãe, mulher batalhadora que me alfabetizou, antes mesmo da escola. Ela me ensinou o valor da comunicação e o poder das palavras, mesmo sem muito estudo me fez entender que o conhecimento é o bem mais precioso do ser humano.Quando entrei na escola, já sabia ler e escrever e a professora pediu que eu não demonstrasse isso, o que fez com que eu me tornasse uma aluna muito "quietinha", tímida e introspectiva.

        Meu percurso escolar foi tranquilo, sempre acompanhada de perto por minha mãe. Na sétima serie ganhei, num concurso de redação, o livro "O Cortiço" de Aloísio de Azevedo, devorei-o, não sei se pelas passagens picantes para minha idade, na época ou pela riqueza de detalhes que pareciam me colocar dentro da história. Resolvi fazer o Magistério, também por influência da minha mãe. A experiência com as crianças através da alfabetização me fez perceber quão rica é a oportunidade de apresentar a palavra para quem a desconhece.

       Sempre gostei muito de ler, nas minhas primeiras viagens pelo mundo da leitura, li algumas histórias de Agatha Christie e Sidnei Sheldon que me fizeram gostar desse estilo. Durante a faculdade realizei muitas leituras, mas me atraiu especialmente os contos de Edgard Allan Poe, por sua natureza misteriosa. Hoje em dia, para ser bem sincera não leio muito, enfrento dupla jornada e me divido entre o trabalho, a casa, os filhos, o maridão e todos querem atenção especial.

        Fui a primeira da família a me tornar professora, mas após essa trajetória de amor com a palavra e o conhecimento, fui seguida por minha mãe, aquela que me alfabetizou lá atrás, com pouco estudo, hoje ela também é professora e alfabetiza muitas outras crianças. Minha mãe é um exemplo de dedicação e determinação. Espero poder ser também um exemplo para os meus filhos e alunos.
Adriana da Silva
 
Cursei o antigo magistério e depois me formei em Letras pela Uniban em 1991. Estou na rede desde 1987. Tenho dois filhos e moro em Carapicuíba. Trabalho na Escola Dr. Benedito de Lima Tucunduva.